Filhos chegam para tornar o Natal ainda mais especial

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Foi uma espera de mais de cinco anos para festejar o primeiro Natal em família com o filho nos braços, mas ele chegou. Agora, em 2023, o perito Túlio de Assis Bianchini, 35, e a advogada Neila Costa dos Santos Bianchini, 35, comemoram com o pequeno Theo, adotado por eles em abril deste ano. Aos dois anos e quatro meses, o menino sorridente completa a alegria do casal, que se prepara para o primeiro de muitos natais que ainda virão. Para Neila, é importante, desde pequeno, que o filho saiba qual o verdadeiro sentido da festa, por isso repete para ele, várias vezes, que o Natal é a festa pelo nascimento de Jesus.

Theo, que em agosto foi apresentado para amigos e familiares na data em que comemorou dois anos de via, festejará novamente ao lado dos pais, avós, tios e primos. Mas foi um longo caminho a percorrer e Neila ainda se lembra do primeiro dia que viu Theo no abrigo, 20 dias antes de levá-lo para casa. Apesar do curto tempo que ela e o marido ficaram com a criança nos braços, não conseguiram mais tirar o rosto dele do pensamento. Com alívio, chegou o dia de levar o filho tão desejado para casa. Lembra que quando entrou para a fila de adoção eram os candidatos número 165. Hoje, já são o número 99, pois querem adotar uma irmãzinha para Theo. Mas sabem que ainda têm um longo período de espera pela frente.

A rotina da casa mudou e agora a advogada dedica meio período do dia exclusivamente ao filho. Ele já vai para escolinha em meio turno, o que permite que ela trabalhe em home office neste horário. Os brinquedos estão por toda casa e a agenda com a caneta colorida não sai da mão do artista que não se cansa de rabiscar. Foram dois meses para Theo começar a falar, mas quando se soltou, entre as primeiras palavras estavam papai e mamãe. Ouvir o chamado vindo do filho tão desejado aqueceu o coração e mostrou que valeu a pena a espera, os cursos e enfrentar a burocracia exigida para o processo de adoção. Mas o casal destaca o cuidado e o carinho dos profissionais da Casa Lar, que cuidaram de Theo até chegar a eles. A rotina de horários e carinho recebido o tornou uma criança alegre, tranquila e extremamente amorosa.

Irmãos

Este é o segundo ano que o casal Kamilla de Paula e Salvador Couto Júnior festejam o Natal com os filhos Mariany Sophie, 6, e Marcus Zyan, 4 anos. Os irmãos chegaram no dia 12 de fevereiro de 2022, cinco dias depois de Kamilla e o marido tê-los conhecido. Foi o presente de Natal tão sonhado, afirma a psicóloga, isso porque desde junho de 2021 ela montou a árvore de Natal e todos os dias pedia que Deus atendesse seu desejo de se tornar mãe. A árvore permaneceu armada até a chegada das crianças. Continuou lá em outubro, quando juntos os quatro comemoravam o dia das crianças e o nascimento de Jesus.

Como cristã, Kamilla, que também é capelã, sempre teve os festejos natalinos muito vivos em sua memória afetiva, remetendo à sua infância na casa dos avós. Hoje, transmite a história do nascimento aos pequenos e queridos filhos. Para a família, em qualquer época do ano é tempo de se festejar a vinda do filho de Deus e ter enfeites de Natal na casa. Quando se preparava para retomar ao mercado de trabalho, depois do período de dedicação integral aos filhos, Kamilla foi surpreendida com a gravidez de Helena, agora no sétimo mês de gestação. Foi Zyan que escolheu o nome, depois de sonhar que havia falado com a irmã, na barriga da mãe, 15 dias antes de Kamilla saber que estava grávida. Mais um milagre para a família que já anseia pelo próximo Natal, agora com Helena, em 2024.

Abrigos

A estudante de direito Pâmela de Castro Monteiro, 20, ainda tem na memória as festas natalinas que participou em pelo menos quatro abrigos em que morou até ser adotada aos 14 anos. Diz que, apesar das festas alegres e cheias de presentes, eram só eventos onde o verdadeiro motivo da comemoração não era citado. Geralmente aconteciam dois ou três dias antes do Natal, com presença do Papai Noel, distribuição de presentes e muitas brincadeiras. Na data mesmo, a rotina era de um dia normal, com muitos funcionários de folga.

Mas para ela o significado mudou a partir de dezembro de 2016, quando foi adotada e ganhou uma família. Este será o sétimo Natal em companhia da mãe Sandra Mara Castro Monteiro, 56, da irmã Lorena Monteiro, 15, do avô, tios, tias e primos. Pâmela diz que só com a nova família, depois de viver por mais de nove anos em abrigos, entendeu o verdadeiro sentido do Natal, que não existe sem a família. A data remete à lembrança do primeiro Natal, com Maria, José e o menino Jesus. Todos reunidos em torno do nascimento do filho de Deus, na estrebaria humilde.

Segundo dados do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA/CNJ), Mato Grosso possui 492 crianças e adolescentes acolhidos, sendo 40 disponíveis para adoção, 743 pretendentes habilitados à adoção e 89 serviços de acolhimento.