Na manhã desta segunda-feira (05), o plenário da Câmara Municipal de Cuiabá foi palco de um verdadeiro tumulto protagonizado por Edna Sampaio, vereadora do Partido dos Trabalhadores (PT), que recentemente teve sua cassação anulada pela justiça. A vereadora, cassada por unanimidade pela Câmara, comemorou a reviravolta no processo em um evento marcado por polêmicas e gestos simbólicos.
Edna, ao retornar ao prédio do Legislativo Municipal, ofereceu um café da manhã para a militância petista que a prestigiava. A vereadora passeou pelos corredores, adentrou o plenário e distribuiu rosas vermelhas aos colegas vereadores. A presença de Edna foi observada com surpresa pelo suplente Robinson Cireia (PT), ainda no cargo de vereador, uma vez que o retorno da titular não havia sido oficializado.
O suplente, visivelmente desconcertado, viu a oficial de Justiça entregar pela manhã a notificação judicial ao presidente da Câmara, vereador Chico 2000 (PL). Contudo, Edna, antecipando-se à notificação oficial, compareceu ao local na expectativa de reassumir imediatamente seu cargo. O presidente Chico 2000 esclareceu que os atos da Mesa Diretora precisam ser publicados antes de entrar em vigor, algo previsto para ocorrer somente na quarta-feira (6).
A atitude de Edna gerou críticas entre os colegas parlamentares. O vereador Luiz Cláudio (PP), autor do requerimento que motivou a abertura do processo contra a vereadora, lamentou a falta de humildade dela. “Eu acho desnecessário vir aqui dessa forma. Eu acho que o homem público ou a mulher pública ou qualquer cidadão que vá pra vida pública ele tem que ter uma coisa que é essencial para que ele possa conduzir o seu mandato: humildade, coisa que falta pra ela”, afirmou.
Maysa Leão (Republicanos) expressou sua preocupação com o impacto do retorno de Edna sobre o andamento dos trabalhos legislativos. Para ela, a vereadora tentou “atropelar” o protocolo, deixando os colegas, inclusive seu suplente, em situação constrangedora e desconsiderando a necessidade de o Parlamento aprovar projetos essenciais antes do recesso parlamentar.
Edna Sampaio foi cassada por unanimidade após ser acusada de obrigar sua ex-chefe de gabinete a devolver a Verba Indenizatória (VI) que fazia parte de seus proventos. Durante as oitivas, Edna argumentou que suas antecessoras também adotaram essa prática, sem ver motivos para ser diferente.
A reviravolta no caso ocorreu por decisão do juiz Agamenon Alcântara Moreno Junior, que anulou o processo de cassação alegando que a Comissão de Ética extrapolou o prazo regimental de 90 dias. O magistrado não se pronunciou sobre o mérito das acusações contra Edna. A previsão é que a vereadora retorne à Câmara Municipal na quinta-feira (07), e a Procuradoria da Casa Legislativa cogita recorrer da decisão junto ao Tribunal de Justiça.